Aizome índigo: conheça o jeans centenário na cultura japonesa

Por Tetê Laudares Quando se pensa em contracultura, raramente se evocam jeans “comuns” que se vêem todos os dias por aqui. E, aqui, leia-se, o Ocidente. Do outro lado do mundo, entretanto, a história é outra – e nem o azul é o mesmo. Talvez, por isso, o denim japonês tenha ganhado até seu próprio […] O post Aizome índigo: conheça o jeans centenário na cultura japonesa apareceu primeiro em Harper's Bazaar » Moda, beleza e estilo de vida em um só site.

May 21, 2025 - 07:55
 0
Aizome índigo: conheça o jeans centenário na cultura japonesa

Khoki – Foto: Divulgação

Por Tetê Laudares

Quando se pensa em contracultura, raramente se evocam jeans “comuns” que se vêem todos os dias por aqui. E, aqui, leia-se, o Ocidente. Do outro lado do mundo, entretanto, a história é outra – e nem o azul é o mesmo. Talvez, por isso, o denim japonês tenha ganhado até seu próprio nome, aizome, e virou um código discreto entre os connaisseurs. Antes do jeans ocidental chegar ao Japão pelos norte-americanos, durante a ocupação no pós-Segunda Guerra, o conceito de um tecido azul único no guarda-roupa não era estrangeiro. Desde o século oitavo, o arquipélago já fazia uso do índigo, pigmento vegetal que viajou pela Rota da Seda e, entre os japoneses, se tornou um símbolo de status. Quando o químico britânico R.W. Atkin-son chegou ao país no século 19, a cor já era tão popular que, em 1874, ele eternizou o tom como “Japan Blue”. É um nome genérico, já que suas várias nuances têm denominações próprias (aijiro para as suaves e noukon para as profundas). Na segunda metade do século 20, soldados americanos exportaram para o Japão uma nova perspectiva sobre o jeans: a rebeldia.

Mais do que militarizado, porém, o frisson veio do cinema, com James Dean e Marlon Brando como ícones em azul. Na estadia das tropas americanas no Oriente, ele virou item de troca e, logo, os japoneses começaram a importar oficialmente as criações originais Lee, Levi’s e Wrangler. Foi sucesso, mas o conforto tradicional do aizome, mais macio que as versões es-trangeiras, resgatou o desejo pelo “feito em casa”. Em 1964, a fábrica Maruo Clothing começou a produzir o tal “jeans japonês”, que nunca mais saiu de cena. Até a década de 1980, a tendência do denim americano continuou forte, mas, quando a modelagem ocidental mudou de forma, o aizome virou a alternativa favorita. Seus antigos teares foram reativados e, em Osaka, surgiu uma nova versão: o repro, com estilo americanizado e tecido japonês – uma reprodução do bom e velho jeans do Oeste que havia ficado na memória. Nesse movimento, cinco marcas lideraram: Studio D’Artisan, Evisu, Denime, Warehouse e Fullcount, conhecidas como Osaka 5. Os repro jeans foram hit na década de 1990, abrindo ainda mais portas para novas marcas, como Kapital, Samurai e Momotaro. Quando rappers e influenciadores se apaixonaram pelo estilo, ele fez o caminho contrário: do Japão, foi para o mundo.

Agora, em novo movimento de globalização, o Ocidente passou a copiar o Oriente e o design japo-nês, mais do que um luxo, virou uma filosofia. Casual, confortável e invariavelmente unisex, o aizome conquista novas gerações de fashionistas que buscam a desconstrução e a persona-lização. Sem o uso de ácidos e pré-lavagens prejudiciais ao meio-ambiente, o denim nipônico também ganhou favoritismo por seu lado sustentável. O mundo nunca foi tão azul!

O post Aizome índigo: conheça o jeans centenário na cultura japonesa apareceu primeiro em Harper's Bazaar » Moda, beleza e estilo de vida em um só site.