Aizome índigo: conheça o jeans centenário na cultura japonesa
Por Tetê Laudares Quando se pensa em contracultura, raramente se evocam jeans “comuns” que se vêem todos os dias por aqui. E, aqui, leia-se, o Ocidente. Do outro lado do mundo, entretanto, a história é outra – e nem o azul é o mesmo. Talvez, por isso, o denim japonês tenha ganhado até seu próprio […] O post Aizome índigo: conheça o jeans centenário na cultura japonesa apareceu primeiro em Harper's Bazaar » Moda, beleza e estilo de vida em um só site.

Por Tetê Laudares
Quando se pensa em contracultura, raramente se evocam jeans “comuns” que se vêem todos os dias por aqui. E, aqui, leia-se, o Ocidente. Do outro lado do mundo, entretanto, a história é outra – e nem o azul é o mesmo. Talvez, por isso, o denim japonês tenha ganhado até seu próprio nome, aizome, e virou um código discreto entre os connaisseurs. Antes do jeans ocidental chegar ao Japão pelos norte-americanos, durante a ocupação no pós-Segunda Guerra, o conceito de um tecido azul único no guarda-roupa não era estrangeiro. Desde o século oitavo, o arquipélago já fazia uso do índigo, pigmento vegetal que viajou pela Rota da Seda e, entre os japoneses, se tornou um símbolo de status. Quando o químico britânico R.W. Atkin-son chegou ao país no século 19, a cor já era tão popular que, em 1874, ele eternizou o tom como “Japan Blue”. É um nome genérico, já que suas várias nuances têm denominações próprias (aijiro para as suaves e noukon para as profundas). Na segunda metade do século 20, soldados americanos exportaram para o Japão uma nova perspectiva sobre o jeans: a rebeldia.
Mais do que militarizado, porém, o frisson veio do cinema, com James Dean e Marlon Brando como ícones em azul. Na estadia das tropas americanas no Oriente, ele virou item de troca e, logo, os japoneses começaram a importar oficialmente as criações originais Lee, Levi’s e Wrangler. Foi sucesso, mas o conforto tradicional do aizome, mais macio que as versões es-trangeiras, resgatou o desejo pelo “feito em casa”. Em 1964, a fábrica Maruo Clothing começou a produzir o tal “jeans japonês”, que nunca mais saiu de cena. Até a década de 1980, a tendência do denim americano continuou forte, mas, quando a modelagem ocidental mudou de forma, o aizome virou a alternativa favorita. Seus antigos teares foram reativados e, em Osaka, surgiu uma nova versão: o repro, com estilo americanizado e tecido japonês – uma reprodução do bom e velho jeans do Oeste que havia ficado na memória. Nesse movimento, cinco marcas lideraram: Studio D’Artisan, Evisu, Denime, Warehouse e Fullcount, conhecidas como Osaka 5. Os repro jeans foram hit na década de 1990, abrindo ainda mais portas para novas marcas, como Kapital, Samurai e Momotaro. Quando rappers e influenciadores se apaixonaram pelo estilo, ele fez o caminho contrário: do Japão, foi para o mundo.
Agora, em novo movimento de globalização, o Ocidente passou a copiar o Oriente e o design japo-nês, mais do que um luxo, virou uma filosofia. Casual, confortável e invariavelmente unisex, o aizome conquista novas gerações de fashionistas que buscam a desconstrução e a persona-lização. Sem o uso de ácidos e pré-lavagens prejudiciais ao meio-ambiente, o denim nipônico também ganhou favoritismo por seu lado sustentável. O mundo nunca foi tão azul!
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