Maquiagem na infância: inofensiva ou motivo de preocupação?

Sou mãe de uma menina de quatro anos, a Maria, e ela adora o universo da beleza. Desde pequena, essa menininha ama mexer nos meus produtos de maquiagem e demonstra interesse em usar também. E quem vive as dores e delícias da maternidade sabe que nessa hora um monte de perguntas vêm à cabeça: “Devo permitir?” “Existe alguma idade adequada?” e, mais importante: “O que o uso de produtos não específicos para crianças pode causar?” Para esclarecer essas questões, conversei com especialistas de diferentes áreas para trazer informações para que cada responsável tome suas próprias decisões com consciência.

O desejo infantil pela maquiagem: natural ou influenciado?

Segundo a psicóloga Manuella Bayma, o interesse das crianças pela maquiagem pode ter diferentes motivações. “Muitas vezes, é pura curiosidade e desejo de imitar os adultos ou figuras de referência, o que faz parte do desenvolvimento infantil. Para elas, a maquiagem pode ser apenas uma extensão do faz de conta, sem necessariamente estar ligada à vaidade”, diz. 

No entanto, com a influência crescente das redes sociais e da mídia, esse comportamento pode ser aumentado. A exposição a influenciadores mirins e tutoriais de maquiagem, pode fazer com que as crianças enxerguem a maquiagem como algo desejável e cotidiano. “Isso pode gerar uma relação precoce com a autoimagem e, em alguns casos, criar uma necessidade de estar sempre maquiada para se sentir bem”, alerta a psicóloga.

Impactos psicológicos e limites saudáveis

O uso de maquiagem tem aspectos positivos, segundo Manuella, como estimular a expressão pessoal e a criatividade, mas se não direcionado corretamente pode trazer riscos. “Se a maquiagem se tornar uma necessidade, pode prejudicar o desenvolvimento de uma autoestima saudável”. Alguns sinais de alerta incluem a recusa da criança em sair de casa sem maquiagem ou a associação exagerada da beleza a produtos cosméticos.

A solução está no equilíbrio: “Os pais podem permitir o uso da maquiagem em contextos de brincadeira e ocasiões especiais, reforçando que a beleza da criança não depende disso. O diálogo aberto e o incentivo a outras formas de expressão são fundamentais”, aconselha.

Segurança e formulação

A pele infantil tem características diferentes da pele adulta, como explica a dermatologista pediátrica Laura Malzoni. “A pele das crianças é mais fina e permeável, o que significa que substâncias aplicadas nela podem ser absorvidas com mais facilidade, chegando à corrente sanguínea. Isso aumenta o risco de toxicidade de alguns ingredientes presentes em maquiagens não específicas para o público infantil”, esclarece.

Marcas que têm grande preocupação com fórmulas clean, como a Vic Beauté e a Care, também são opções mais seguras para as crianças usarem eventualmente, já que são livres de ingredientes potencialmente nocivos.

Segundo a dermatologista pediátrica, hoje existem cada vez mais marcas clean, muito confiáveis. Mas é fundamental que pais e médicos aprendam a ler os rótulos dos cosméticos para escolher opções realmente seguras e adequadas. “De qualquer forma, para quem ainda não tem esse nível de conhecimento, buscar marcas que prezam por formulações mais limpas já é um ótimo primeiro passo”, aconselha Laura.

Por isso, é essencial que nós, mães, estejamos atentas aos rótulos dos produtos. A médica dá exemplo das maquiagens vendidas em lojas de brinquedos, muitas não são formuladas para uso na pele infantil. “O ideal é buscar opções dermatologicamente testadas, livres de parabenos, ftalatos, fragrâncias sintéticas e conservantes agressivos”, orienta Laura.

A Anvisa não recomenda o uso de maquiagem em crianças menores de três anos, e a dermatologista reforça a importância de avaliar o contexto antes de permitir o uso frequente. “O mais importante é entender o motivo por trás desse desejo. Se for algo esporádico, em situações lúdicas, não há grandes problemas. O perigo está na exposição contínua a substâncias que podem afetar o desenvolvimento da pele e até mesmo o equilíbrio hormonal”.

Existe maquiagem segura para crianças?

Diante da demanda, algumas marcas passaram a desenvolver linhas de maquiagem específicas para crianças, como a Vizzela Kids. Aline Waiser, diretora de marketing da Vizzela, explica que a formulação desses produtos seguem padrões ainda mais rigorosos que os da maquiagem adulta. “Todos os itens da linha infantil foram dermatologicamente e oftalmologicamente testados, além de serem hipoalergênicos. Nos produtos labiais, fizemos testes de citotoxicidade in vitro para garantir que não causam irritação”, diz. 

A executiva destaca que a proposta da linha é oferecer uma alternativa segura para um comportamento que já existia. “Identificamos que crianças já estavam usando os produtos da Vizzela porque as próprias mães compravam para elas. Assim, decidimos criar uma versão pensada para a pele infantil, mas reforçamos que a maquiagem deve ser algo lúdico e não uma necessidade. Esse conceito está até nas embalagens dos produtos”.

Cada família, uma escolha

Cada mãe e pai sabe o que é melhor para seus filhos, mas fica claro que o equilíbrio e segurança são as chaves! O mais importante é garantir que a criança cresça sabendo que sua beleza não depende de maquiagem e que sua autoestima vai muito além da aparência.

O post Maquiagem na infância: inofensiva ou motivo de preocupação? apareceu primeiro em Dia de Beauté.